O interessante Angulimala Sutta e suas lições sociais
O Angulimala Sutta ilustra várias lições importantes. Em primeiro lugar, há a natureza miraculosa do Buda e sua capacidade de se aproximar sem medo e 'domar' até mesmo pessoas violentas como o assassino em massa Angulimala. Depois, há a natureza do despertar do Buda, de ter 'parado', que é ilustrada nas suas palavras para Angulimala. A terceira é a conversão de Angulimala, demonstrando o potencial de todos os seres humanos para mudar suas vidas e alcançar a libertação. Em quarto lugar, sua conversão é reconhecida e aclamada. E por fim, a incapacidade de Angulimala de escapar totalmente do fruto de seu kamma passado, apesar de ele ter se tornado um arahant.
Do ponto de vista da ética social, eu acho que as lições mais importantes neste sutta são as três últimas. Angulimala se converteu e a comunidade aceitou a sua conversão, mas ainda havia ramificações de suas ações passadas a serem tratadas. A conversão da Angulimala demonstra que o karma não é imutável ou determinista. Se alguém não era merecedora de um bom resultado, essa pessoa era Angulimala. No entanto, ele conheceu o Buda, mudou seus caminhos, e tornou-se iluminado, o melhor de todos os resultados possíveis. Ao mesmo tempo, o kamma não é algo do qual podemos simplesmente fugir. Os frutos de nossas ações continuam a nos seguir, mesmo que agora tenhamos abandonado as práticas que levaram a eles. Angulimala aceitou este resultado e não se rebelou contra ele ou usou-o como combustível para mais violência. Esta compreensão e resposta, por sua vez, contribuiram para o seu desenvolvimento ao longo do caminho para a libertação.
Talvez o componente mais social deste texto, no entanto, é a resposta do Rei Pasenadi de Kosala, que veio para "acabar com ' o bandido no monastério. Tendo percebido que Angulimala tinha se convertido, ele aceitou sua sua conversão, o elogiou, prometeu apoiá-lo, e prosseguiu o seu caminho. O Rei não tolerava um bandido no seu reino, mas ele aceitou que o ladrão poderia (e assim ocorreu) se tornar um nobre contemplativo. E o que dizer das pessoas que ele matou? Reconheço que esta é uma questão preocupante, mas no sutta, o Rei Pasenadi parece aceitar que o bem que Angulimala faria como um monge poderia oferecer pelo menos alguma reparação.
Não defendo a ideia de que todo bandido deva virar monge, essa foi uma situação diferenciada. Possivelmente o Buda viu em Angulimama o potencial de desenvolver o estado de arahant e então buscou orientá-lo para tal. Angulimala ouviu o Buda, praticou o caminho e os frutos surgiram.
Um outro assassino simplesmente ignoraria o Dhamma e jamais daria ouvidos ao Buda. É o tipo de ser humano cuja citta está tão contaminada de impurezas que infelizmente torna-se impossível purificá-la completamente em uma vida. Angulimama embora tenha cometido muitas atrocidades, certamente possuia algum mérito, algum bom kamma passado pronto para dar resultados, e o resultado foi o encontro com o Buda.
Eu acho que esta história é apresentada de um jeito muito mais simples do que o que pode ter de fato ocorrido, mas, no entanto, contém valiosas lições que podem ser aplicadas na forma como vivemos hoje.
As pessoas que cometem crimes devem sim ser levadas à justiça. Elas devem ser impedidas de prejudicar os outros. Mas a justiça não precisa transformá-los de homens e mulheres em 'criminosos' (e criminosos apenas). Se o Rei Pasenadi tivesse considerado Angulimala apenas como um criminoso, e não como um humano, teria-o prendido ou o matado e assim acabar também com qualquer bondade que pudesse surgir através da conversão e iluminação de Angulimala. Isso seria tão criminoso quanto os atos passado deste homem chamado Anguliamala.
Angulimala ataca o Buda |
A redenção |
Angulimala é agredido pelo povo, mesmo tendo virado um monge |
Majjhima Nikaya 86
Angulimala Sutta
Angulimala
1. Assim ouvi. Em certa ocasião o Abençoado estava em Savathi, no Bosque de Jeta, no Parque de Anathapindika.
2. Agora, naquela ocasião havia no reino do rei Pasenadi de Kosala um bandido chamado Angulimala que era um assassino, com as mãos tingidas de sangue, habituado a golpes e violência, impiedoso com os seres vivos. Vilarejos, cidades e distritos haviam sido destruídos por ele. Ele estava constantemente matando pessoas e usava os dedos delas em um colar. [1]
3. Então, ao amanhecer, o Abençoado se vestiu e tomando a sua tigela e manto externo, foi para Savathi para esmolar alimentos. Depois de haver esmolado em Savathi e de haver retornado, após a refeição, ele arrumou o seu local de descanso e tomando a tigela e o manto externo saiu pela estrada que levava para onde estava Angulimala. Pastores e camponeses que passavam vendo que o Abençoado caminhava na direção que levava para onde estava Angulimala lhe diziam: “Não siga por essa estrada, contemplativo. Nessa estrada se encontra o bandido Angulimala que é um assassino, com as mãos tingidas de sangue, habituado a golpes e violência, impiedoso com os seres vivos. Vilarejos, cidades e distritos foram destruídos por ele. Ele está constantemente matando pessoas e usa os dedos delas em um colar. Homens em grupos de dez, vinte, trinta e até quarenta seguiram por esta estrada e assim mesmo foram vítimas de Angulimala”. Quando isso foi dito, o Abençoado seguiu em silêncio.
Por uma segunda vez...Por uma terceira vez os pastores e camponeses disseram isso ao Abençoado, mas ainda assim o Abençoado seguiu em silêncio.
4. O bandido Angulimala viu o Abençoado se aproximando à distância. Quando ele o viu, pensou: “É admirável, é maravilhoso! Pessoas em grupos de dez, vinte, trinta e até quarenta seguiram por esta estrada e assim mesmo foram minhas vítimas. E agora esse contemplativo vem sozinho, sem companhia, como se empurrado pela fé. Porque eu não deveria matar esse contemplativo?” Angulimala então tomou a sua espada e escudo, afivelou o seu arco e a aljava e seguiu o Abençoado de perto.
5. Então o Abençoado realizou tamanha façanha com os seus poderes supra-humanos que o bandido Angulimala, embora caminhasse tão rápido quanto pudesse, não conseguia alcançar o Abençoado que caminhava em seu passo normal. Então o bandido Angulimala pensou: “É admirável, é maravilhoso! Antes eu conseguia alcançar e agarrar até mesmo o elefante mais rápido; eu conseguia alcançar e agarrar até mesmo o cavalo mais rápido; eu conseguia alcançar e agarrar até mesmo a carruagem mais rápida; eu conseguia alcançar e agarrar até mesmo o gamo mais rápido; mas agora, embora esteja caminhando o mais rápido que possa, não consigo alcançar esse contemplativo que está caminhando em seu passo normal!” Ele parou e chamou o Abençoado: “Pare, contemplativo! Pare, contemplativo!”
“Eu parei, Angulimala, pare você também.”
Então o bandido Angulimala pensou: “Esses contemplativos, filhos do Sakya, falam a verdade, afirmam a verdade; mas embora esse contemplativo ainda esteja caminhando, ele diz: ‘Eu parei, Angulimala, pare você também.’ E se eu questionasse esse contemplativo.”
6. Então o bandido Angulimala se dirigiu ao Abençoado em versos da seguinte forma:
“Enquanto caminha, contemplativo, você diz que parou;
mas agora, quando eu parei, você diz que não parei.
Eu lhe pergunto agora, Ó contemplativo, qual o significado:
como pode ser que você tenha parado e eu não tenha?”
“Angulimala, eu parei para sempre,
eu me abstenho da violência para com os seres vivos;
mas você não tem nenhum refreamento em relação ao que tem vida:
essa é a razão porque eu parei e você não.”
“Ó, até que enfim este contemplativo, um sábio venerado,
veio para esta grande floresta por minha razão. [2]
Ouvindo os seus versos com o ensinamento do Dhamma,
eu de fato renunciarei ao mal para sempre”.
Assim dizendo, o bandido tomou a sua espada e armas
e as arremessou em uma cova num abismo;
o bandido venerou os pés do Abençoado,
e depois ali pediu sua admissão na vida santa.
O Iluminado, o Sábio da Grande Compaixão,
o Mestre do mundo com [todos] os seus devas,
dirigiu-se a ele com estas palavras, “Venha, bhikkhu”.
E assim foi como ele se tornou um bhikkhu. [3]
7. Então o Abençoado iniciou a caminhada de regresso a Savathi com Angulimala como seu acompanhante. Caminhando em etapas eles acabaram por chegar em Savathi e lá se estabeleceram no Bosque de Jeta, no Parque de Anathapindika.
8. Agora naquela ocasião uma grande multidão havia se aglomerado nos portões do palácio do rei Pasenadi, barulhenta e ruidosa, gritando: “Senhor, o bandido Angulimala encontra-se no seu reino; ele é um assassino, com as mãos tingidas de sangue, habituado a golpes e violência, impiedoso com os seres vivos. Vilarejos, cidades e distritos foram destruídos por ele. Ele está constantemente matando pessoas e usa os dedos delas em um colar! O rei precisa acabar com ele!”
9. Então no meio do dia o rei Pasenadi de Kosala saiu de Savathi com um grupo de 500 cavaleiros em direção ao parque. Ele foi até onde a estrada permitia ir com a sua carruagem e depois desmontou e seguiu a pé até onde estava o Abençoado. Depois de cumprimentar o Abençoado ele sentou a um lado e o Abençoado lhe disse: “O que há, grande rei? O rei Seniya Bimbisara de Magadha o estará atacando ou os Licchavis de Vesali ou outros reis hostis?”
10. “Venerável senhor, o rei Seniya Bimbisara de Magadha ou os Licchavis de Vesali ou outros reis hostis não estão me atacando. Mas há um bandido no meu reino chamado Angulimala, ele é um assassino, com as mãos tingidas de sangue, habituado a golpes e violência, impiedoso com os seres vivos. Vilarejos, cidades e distritos foram destruídos por ele. Ele está constantemente matando pessoas e usa os dedos delas em um colar. Eu nunca serei capaz de acabar com ele, venerável senhor.”
11. “Grande rei, suponha que você visse que Angulimala raspou o seu cabelo e barba, vestiu o manto de cor ocre e seguiu a vida santa; que ele está se abstendo de matar seres vivos, de tomar aquilo que não é dado e da linguagem mentirosa; que ele se abstém de comer à noite, come somente uma vez ao dia, é celibatário, virtuoso, com bom caráter. Se você o visse assim, como o trataria?”
“Venerável senhor, nós o homenagearíamos, ou nos levantaríamos, ou o convidaríamos para que ele se sentasse; ou o convidaríamos para que aceitasse mantos, alimentos, moradia ou medicamentos; ou nós lhe proveríamos guarda, defesa e proteção sob a lei. Mas, venerável senhor, ele é um homem sem moral, mau caráter. Como poderia ter tal virtude e contenção?”
12. Agora, naquela ocasião o venerável Angulimala estava sentado não muito distante do Abençoado. Então o Abençoado estendeu o seu braço direito e disse ao rei Pasenadi de Kosala: “Grande rei, este é Angulimala.”
Então o rei Pasenadi ficou com medo, alarmado e aterrorizado. Sabendo disso, o Abençoado lhe disse: “Não tema, grande rei, não tema. Não há nada a temer da parte dele.”
Então o medo, alarme e terror do rei diminuiram. Ele foi até o venerável Angulimala e lhe disse: “Venerável senhor, você é realmente Angulimala?”
“Sim, grande rei.”
“Venerável senhor, de que família é o seu pai? De que família é a sua mãe?”
“Meu pai é um Gagga, grande rei; minha mãe é uma Mantani.”
“Que o nobre senhor Gagga Mantaniputta descanse satisfeito. Eu irei prover mantos, alimentos, moradia e medicamentos para o nobre senhor Gagga Mantaniputta.”
13. Agora naquela ocasião o venerável Angulimala vivia na floresta, esmolava alimentos, vestia mantos feitos com trapos e se restringia a três mantos. Ele respondeu; “Não é necessário, grande rei, meus três mantos estão completos.’
O rei Pasenadi então voltou para o Abençoado e após cumprimentá-lo, sentou a um lado e disse: “É admirável, venerável senhor, é maravilhoso como o Abençoado doma os indomados, traz paz para os perturbados e conduz a Nibbana aqueles que ainda não realizaram Nibbana. Venerável senhor, nós mesmos não pudemos domá-lo com a força e armas e no entanto o Abençoado o domou sem força e sem armas. E agora, venerável senhor, nós partiremos. Estamos muito ocupados e temos muito que fazer.”
“Agora é o momento, grande rei, faça como julgar adequado.”
Então o rei Pasenadi de Kosala levantou do seu assento e depois de homenagear o Abençoado, mantendo-o à sua direita, partiu.
14. Então, ao amanhecer, o venerável Angulimala se vestiu e tomando a sua tigela e manto externo, foi para Savathi esmolar alimentos. Enquanto ele perambulava de casa em casa em Savathi, ele viu uma certa mulher dando a luz a uma criança deformada. Vendo isso, ele pensou: “Como os seres sofrem! De fato, como os seres sofrem!”
Depois de haver esmolado em Savathi e de haver retornado, após a refeição ele foi até o Abençoado e depois de cumprimentá-lo sentou a um lado e disse: “Venerável senhor, pela manhã me vesti e tomando a minha tigela e manto externo, fui para Savathi para esmolar alimentos. Enquanto perambulava de casa em casa em Savathi, vi uma certa mulher dar à luz a uma criança defeituosa. Vendo isso, pensei: “Como os seres sofrem! De fato, como os seres sofrem!”
15. “Nesse caso, Angulimala, vá para Savathi e diga para aquela mulher: “Irmã, desde que nasci, não me recordo de intencionalmente haver privado da vida nenhum ser vivo. Por essa verdade, que você e a sua criança fiquem bem!”
“Venerável senhor, não estaria eu contando uma mentira deliberada, pois intencionalmente privei da vida muitos seres vivos?”
“Então, Agulimala, vá para Savathi e diga para aquela mulher: “Irmã, desde que nasci com o nobre nascimento, não me recordo de intencionalmente haver privado da vida nenhum ser vivo. Por essa verdade, que você e a sua criança fiquem bem!” [4]
“Sim, venerável senhor”, o venerável Angulimala respondeu e tendo ido até Savathi disse para aquela mulher: “Irmã, desde que nasci com o nobre nascimento, não me recordo de intencionalmente haver privado da vida nenhum ser vivo. Por essa verdade, que você e a sua criança fiquem bem!” Então a mulher e a criança melhoraram.
16. Depois de não muito tempo, permanecendo só, isolado, diligente, ardente e decidido, o venerável Angulimala, em pouco tempo, alcançou e permaneceu no objetivo supremo da vida santa pelo qual membros de um clã deixam a vida em família pela vida santa, tendo conhecido e realizado por si mesmo no aqui e agora. Ele soube: “O nascimento foi destruído, a vida santa foi vivida, o que deveria ser feito foi feito, não há mais vir a ser a nenhum estado.” E assim o venerável Angulimala tornou-se mais um dos Arahants.
17. Então, ao amanhecer, o venerável Angulimala se vestiu e tomando a tigela e manto externo, foi para Savathi para esmolar alimentos. Agora naquela ocasião alguém jogou uma pedra e atingiu o corpo do venerável Angulimala, outra pessoa jogou um pau e atingiu o corpo dele e outra pessoa jogou um pedaço de cerâmica e atingiu o corpo dele. Então, com o sangue jorrando da sua cabeça cortada, com a sua tigela quebrada e com o seu manto externo rasgado, o venerável Angulimala foi até o Abençoado. O Abençoado o viu chegando à distância e lhe disse: “Aguente, brâmane! Aguente, brâmane! Você está experimentando aqui e agora o resultado de ações pelas quais você poderia ser torturado no inferno durante muitos anos, por muitas centenas de anos, por muitos milhares de anos.”[5]
18. Então, enquanto o venerável Angulimala estava sozinho em retiro, experimentando o prazer da libertação, ele pronunciou o seguinte: [6]
“Quem antes vivia em negligência
e depois não é mais negligente,
ilumina o mundo
tal como a lua liberta das nuvens.
Quem inspeciona as más ações que cometeu
praticando ações benéficas no seu lugar,
ilumina o mundo
tal como a lua liberta das nuvens.
O jovem bhikkhu que dedica
o seu esforço aos ensinamentos do Buda,
ilumina o mundo
tal como a lua liberta das nuvens.
Que meus inimigos ouçam um discurso do Dhamma,
que eles se dediquem aos ensinamentos do Buda,
que meus inimigos cuidem dessas pessoas de bem
que conduzem outras a aceitarem o Dhamma.
Que meus inimigos prestem atenção ocasionalmente
e ouçam o Dhamma daqueles que pregam a tolerância,
daqueles que também falam em favor da bondade,
e que eles sigam esse Dhamma com ações bondosas.
Pois então com certeza, eles não irão desejar causar dano a mim,
nem pensarão em causar dano a outros seres,
portanto, aqueles que protegem a todos, fracos ou fortes,
que eles alcancem a paz insuperável.
Aqueles que fazem canais, conduzem a água,
arqueiros retificam as flechas,
carpinteiros retificam a madeira,
mas os homens sábios buscam domar a si mesmos.
Existem alguns que são domados com surras,
alguns com grilhões e alguns com chicotes;
mas eu fui domado por alguém só,
que não possui vara ou arma.
‘Inofensivo’ é o nome que tenho,
embora eu tenha sido perigoso no passado. [7]
O nome que tenho hoje é verdadeiro:
eu não molesto nenhum ser vivo.
Embora tenha vivido no passado como um bandido
com o nome ‘Colar de Dedos’,
arrastado pela grande torrente,
eu procurei refúgio no Buda.
Embora tivesse no passado as mãos tingidas de sangue
com o nome ‘Colar de Dedos’,
veja o refúgio que encontrei:
o grilhão de ser/existir foi partido.
Embora muitas ações que pratiquei conduzam
ao renascimento no inferno,
no entanto o seu resultado já me atingiu agora,
e assim, me alimento livre das minhas dívidas. [8]
São tolos e não possuem noção,
aqueles que se entregam à negligência,
mas aqueles com sabedoria protegem a diligência
e a tratam como seu maior bem.
Não abram caminho para a negligência
nem busquem prazer nos prazeres sensuais,
mas meditem com diligência
de forma a alcançar a felicidade perfeita.
Dessa forma sejam bem vindos à escolha que fiz
e que ela assim permaneça, pois não foi mal feita;
de todos os Dhammas que são conhecidos
eu encontrei o melhor.
Dessa forma sejam bem vindos à escolha que fiz
e que ela assim permaneça, pois não foi mal feita;
eu alcancei o conhecimento tríplice
e fiz tudo o que o Buda ensina.”
Notas:
[1] O nome “Angulimala” é um epíteto que significa “colar (mala) de dedos (anguli)”. Ele era o filho do brâmane Bhaggava, um capelão do rei Pasenadi de Kosala. O seu nome de nascimento era Ahimsaka que significa “o inofensivo”. Ele estudou em Takkasila onde ele se tornou o favorito do seu mestre. Os seus colegas estudantes, com inveja dele, disseram ao mestre que Ahimsaka havia cometido adultério com a sua esposa. O mestre com a intenção de arruiná-lo ordenou que ele lhe trouxesse mil dedos humanos da mão direita a título de honorários. Ahimsaka vivia na floresta Jalini, atacando viajantes e cortando um dedo de cada um e usando-os como um colar. Na abertura do sutta lhe faltava apenas um dedo para completar os mil e ele estava determinado a matar a primeira pessoa que aparecesse. O Buda viu que a mãe de Angulimala estava a caminho para visitá-lo e tendo consciência de que Angulimala tinha as condições necessárias para alcançar o estado de arahant, ele o encontrou pouco tempo antes que a sua mãe chegasse.
[2] MA explica que Angulimala havia se dado conta de que o monge à sua frente era o próprio Buda e que ele havia vindo para a floresta com o propósito específico de transformá-lo.
[3] MA: Por virtude de seus méritos de vidas passadas, Angulimala obteve a tigela e os mantos através dos poderes supra-humanos do Buda no momento em que ele disse “Venha, bhikkhu”.
[4] Mesmo hoje esta declaração é frequentemente recitada por monges Budistas como um encanto protetor, (paritta), para mulheres grávidas que estão próximas do parto.
[5] MA explica que toda ação volitiva, (kamma), pode produzir três tipos de resultados: um resultado para ser experimentado aqui e agora, isto é, na mesma vida em que a ação é cometida; um resultado para ser experimentado na próxima existência; e um resultado para ser experimentado em qualquer existência subsequente à próxima, contanto que haja continuidade na permanência no samsara. Como ele havia alcançado o estado de arahant, Angulimala havia escapado dos dois últimos tipos de resultados mas não do primeiro, já que mesmo os arahants estão sujeitos a experimentar os resultados nesta existência de ações realizadas antes de atingir o estado de arahant.
[6] Vários dos versos que seguem também aparecem no Dhammapada.
[7] Embora MA diga que Ahimsaka, “Inofensivo,” era o nome de nascimento de Angulimala, o comentário ao Theragata diz que o seu nome era Himsaka o que significa “Perigoso.”
[8] Enquanto que os bhikkhus virtuosos, porém que não são arahants, se diz que comem os alimentos oferecidos como uma herança do Buda, o arahant come “livre de dívidas” porque ele fez com que seja totalmente merecedor de receber as ofertas de alimentos.
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