As outras religiões e o Budismo
Vale a pena a leitura deste exclarecedor texto.
Autor: Arya Dharmananda,
P. Arcebispo Arya Dharmananda,
Eu acompanho seu blog há um bom tempo e, apesar de não ser budista (sou cristão), admiro muito seu estilo direto, claro e lógico.
Não sei onde podem achar um ponto menos correto em suas exposições do ponto de vista budista. O senhor sempre demonstra tudo com muita clareza, com bases e inclusive, demonstra um profundo conhecimento de outras religiões.Eu mesmo já aprendi muito da minha própria religião lendo seu blog e já recomendei a outros cristãos como eu que o lessem.
Minha pergunta ao sr. é a seguinte: Como se dá a relação de respeito entre budistas e outras religiões, como a cristã, sem cair nas misturas e no ecumenismo barato que o sr. condena (e eu concordo plenamente)?
Desde já agradeço!
R. Prezado sr. XXX,
Agradeço seu gentil e-mail.
O sábio Nagarjuna, em seu "Tratado da Grande Sabedoria/大智度論" diz que toda palavra verdadeira, ainda que pronunciada ou escrita por um não-budista, é uma palavra do Buda.
Se estudarmos o conceito do "Perfeito e Total Buda / 圓佛", que é o próprio Dharmakaya Mahavairocana 法身大日, veremos que Ele não tem uma forma definida, não é uma individualidade, mas é a própria Natureza Verdadeira e Unívoca de toda a realidade.
Sendo assim, Ele manifesta sua realidade absoluta em todos os entes e em todos os fenômenos, de acordo com leis imutáveis e, muitas vezes, misteriosas a nós.
As formas exteriores e os costumes religiosos, como tudo que é condicionado, são destituídas de substância própria e, portanto, transitórias (as duas primeiras verdades essenciais enunciadas pelo Mestre Tiantai Zhiyi).
Como o Dharmakaya é "todo penetrante" e como toda a realidade e todos os mundos estão contidos em cada pensamento ou fenômeno (一念三千), tudo aquilo que é percebido como fato apodítico (necessariamente verdadeiro, ou demonstrável, ou que admite certeza para além de qualquer dúvida) é manifestação da Natureza de Buda.
Sendo assim, podemos dizer que o Dharma engloba todo e qualquer ensinamento necessariamente verdadeiro, venha de onde vier.
Os budistas então, reverenciam toda parcela da Verdade Absoluta, onde quer que ela se encontre. Logo, o que é reconhecidamente apodítico em todas as religiões, é parte do Dharma de Buda.
Isso é a forma de respeito mais consciente e mais honesto que se pode ter em relação às diversas manifestações religiosas. É completamente diferente da adoção cega da "geléia multicor" dos movimentos ecumenistas ou das forçadas aproximações sem análise objetiva entre as religiões.
O budista deve estudar e buscar a Verdade em todas as suas manifestações. No entanto, para realizar isso de maneira adequada, deve realizar uma análise calma e consciente de tudo, estudando os diversos pontos doutrinários e analisando a fiabilidade e a veracidade dos mesmos junto da realidade objetiva e subjetiva.
Aquilo que é necessariamente verdadeiro é parte do Dharma. Aquilo que não é, é maya (ilusão).
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