Dhamma para todos
Agora, irei lembrá-los de alguns dos ensinamentos do Buda como uma
maneira de lhe encorajar a ser intento em praticar corretamente, de acordo com
as demandas do Buda. Esses ensinamento são chamados de Dhamma. O Dhamma é um
ornamento mental. É também um meio de desenvolver as faculdades mentais. Os
ensinamentos que estrou prestes a discutir são oriundos do Ovāda-Pāṭimokkha, a
Exortação do Pāṭimokkha. Esta é uma
palestra que lida com os deveres daqueles que se ordenaram no dispensamento do
Buda, porém, também são válidas para pessoas leigas. Leigos podem usá-las e
treinarem a si mesmos para serem boas pessoas, para que possam ser olhos e
orelhas, pernas, pés e mãos, para ajudar a cuidar do trabalho da religião e
fazê-la prosperar.
Essas linhas de guia, que aplicam-se a todos nós, possuem seis
categorias:
anupavādo: não depreciar
anupaghāto: não danificar
pāṭimokkhe ca saṁvaro: restrição de acordo com o Pāṭimokkha
mattaññutā ca bhattasmiṁ: moderação na alimentação
pantañca sayanāsanaṁ:
visar a seclusão
adhicitte ca āyogo: comprometimento com a mente
elevada—
etaṁ buddhāna-sāsanaṁ: estes são os mandamentos do
Buda.
O primeiro fator: anupavādo.
Não procure defeito nos outros. Noutras palavras, não diga coisas más sobre
outras pessoas, não se desentenda com outras pessoas, não diga nada que fará
pessoas se distanciarem umas das outras. Não diga falsidades e não as encoraje.
Não xingue ou grite com os outros. Ao em vez disso, cada um de nós deve
procurar por nossas próprias falhas. É isto que significa anupavādo. Podes usar este princípio sempre, não importa se é monge
ou não.
Anupaghāto: não permita-se odiar alguém. É normal que,
quando pessoas convivam juntas, seu comportamento não será igual. Alguns têm
boas maneiras, outras são grosseiras – não más, perceba, só suas maneiras que
são grosseiras. Fisicamente, algumas são energéticas, engenhosas, e fortes;
outras fracas e doentias. Verbalmente, algumas são hábeis, outras não. Alguns
falam muito, outros pouco; alguns gostam de falar de coisas mundanas, outros gostam
de falar do Dhamma; alguns falam errado, alguns certo. Isto se chama
inequidade. Quanto é este o caso, é certo que haverão conflitos e disputas,
pelo menos até certo ponto. Quando essas coisas surgem dentro de nós enquanto
vivemos em uma comunidade nas delimitações do mesmo Dhamma, não devemos guardar
mágoas. Devemos perdoar uns aos outros e limpar tudo que suja nossos corações.
Por quê? Pois, do contrário, torna-se em animosidade e inimizade. O ato de
perdoar é chamado o presente do perdão. Torna você num tipo de pessoa que não
guarda as coisas, não carrega coisas por aí, e não se prende às coisas – o tipo
de pessoas que não suporta mágoas. Mesmo quando outros erram de vez em quando,
devemos perdoar uns aos outros. Devemos ter um senso de amor, afeição, e
bondade por todos ao nosso redor. Isto se chama Anupaghāto. Faz parte de nos treinarmos como budistas, tanto para
leigos quanto contemplativos.
Pāṭimokkhe ca saṁvaro: aja de maneira que mantenha
você perto da entrada para o Nirvana. O que é a entrada para o Nirvana? O Pāṭimokkha. Mukha significa boca ou entrada. Mokkha significa libertação. Sente-se perto da sua comida para que
sua boca fique perto da libertação. Não sente-se longe, ou terá problemas para
se alimentar. Sente-se perto o suficiente para que a libertação esteja dentro
do seu alcance para que você possa colocá-la na sua boca. Em outras palavras,
qualquer comportamento que está próximo da religião, este é o comportamento que
deves seguir. Estar perto da religião significa seguir a vida santa. Leigos
também seguem sua vida santa, assim como os monges seguem as deles. Leigos
devem segui-la de duas maneiras. A primeira é observar os primeiros cinco ou
oito preceitos: não matar; não roubar; não fazer sexo – isto é o que torna a
vida santa; não mentir; e não ingerir intoxicantes. Esta é uma das formas da
vida santa, perto da entrada para o Nirvana. A segunda maneira para pessoas
leigas seguirem a vida santa é observar todos os oito preceitos.
Já para noviços e monges, devem manter
restrição de acordo com os dez ou duzentos e vinte e sete preceitos. Ao mesmo
tempo, não devem omitir nenhum dos bons tipos de comportamento que devem
seguir. Isto se chama ācāra-gocara-sampanno. Não ande por aí em áreas que são foras de limite e que
irão te prejudicar. Noutras palavras, não deixe seu corpo ir lá, não deixe sua
fala permanecer nesses locais, e tampouco sua mente. Não se associe com pessoas
imorais que são grosseiras em seus hábitos. Não peça conselho para pessoas
desvirtuosas. Não deixe sua mente se enroscar com elas. Tente manter em mente
pessoas boas, junto com a bondade que você mesmo está tentando desenvolver.
Isto é o que se chama vida santa. Quem quer que aja desta maneira, é dito estar
restringido de acordo com o Pāṭimokkha,
bem ao lado do Nirvana.
Mattaññutā ca bhattasmiṁ: tenha um senso de moderação
no alimento que ingere. Aqui estamos falando de alimento físico. Pessoas podem
comer de três maneiras, e a primeira é comer com ganância. Mesmo que o estômago
esteja cheio, a mente não está cheia. A boca está cheia, não podes engolir tudo
que tem, e o estômago está cheio, e mesmo assim a mente ainda quer comer mais.
Isto se chama comer com ganância. Não deixe a ganância tomar conta de seu
coração.
O segundo tipo é comer contentemente. Esteja
contente com o que tem no seu prato, e não coma nada que não esteja nele. Ou
esteja contente com a comida ao seu alcance. Não peça nada fora de alcance. Não
dê sinal algum com suas mãos, olhos, ou expressão corporal que indique que quer
mais. Só comes o que está em teu prato, o que está no seu pote. Isto se chama
comer contentemente.
O terceiro tipo é comer modestamente. Este tipo
de alimentação é muito bom, tanto em termos mundanos quanto do Dhamma. Tome
Ven. Sīvali como exemplo. Ele comia modestamente. Como? A maioria do que
sabemos sobre Ven. Sīvali é que ele era farto em termos das doações que
recebia. Mas de onde vinha essa fartura? Vinha de comer modestamente. Essa é a
fonte da qual surge a fartura. O que Ven. Sīvali fazia era isto: quando quer
que ele recebia tecido, se não dava primeiro uma parte dele, não usava o que
tinha ganho. Quando recebia comida em seu pote, ele não comia até que dava um
pouco para alguém. Não importa o quanto dos quatro requisitos ele recebia –
comida, roupas, abrigo ou medicina, não importa se muito ou pouco – assim que
estava em sua posse, ele não usava até dividir com alguém por perto. Quando
recebia muito, ele fazia uma grande doação para beneficiar muitas pessoas.
Quando recebia pouco, ele ainda assim tentava beneficiar outrem. Isso fazia
surgir todo tipo de coisas boas. Seus amigos o amavam, a comunidade o amava, e
eram gentis com ele. É por isto que ser generoso é dito ser o nó da amizade que
destrói seus inimigos.
E é isso que Ven. Sīvali fazia. Quando ele
passou daquela vida e renasceu em sua última, ele ganhou todo tipo de riqueza e
nunca ficou faminto. Mesmo quando ele ia para lugares em que a comida deveria
ser escassa, ele nunca sofreu com falta de comida.
Isto significa para nós que, o que quer que
ganhemos, comemos somente um terço e damos os outros dois. As partes próprias
para animais. As próprias para seres humanos, damos para seres humanos. As
partes que devemos partilhar com nossos amigos da vida santa, damos com um
coração puro. Isto é o que significa ser modesto em nosso consumo. Sentimo-nos
tranquilos em coração e no corpo. Quanto morrermos, não seremos pobres.
Este princípio é algo muito bom não somente nos
termos da religião, mas também no mundo moderno de maneira geral. É um grande
meio para diminuir o terrorismo. Como? Quando as pessoa não são pobres, não se
agitam. E da onde vem o terrorismo? Vem de pessoas não tendo onde viver, nada
pra comer, ninguém para cuidar delas. Quando são pobres e famintas assim,
pensam, “Enquanto eu estiver sofrendo, vamos fazer todos sofrerem também. Que
não haja propriedade privada. Que tudo seja de todos.” Este tipo de pensamento
vem da pobreza e depravação. E por que há pobreza? Porque algumas pessoas comem
tudo sozinhas. Elas não dividem nada com os outros. Então quando pessoas no
geral sofrem e sentem vingança, se tornam em terroristas.
Então o terrorismo surge da ganância e egoísmo,
de não partilhar o que temos. Se ganhamos dez reais, podemos dar nove e ainda
comer o que sobrou. Dessa maneira teremos muitos amigos. Haverá amor e afeição,
paz e prosperidade. E como isso pode surgir? Quando as pessoas têm lugar para
comer e o que comer, quando podem comer sua parte e dormir quando se deitam,
por que haveriam de se preocupar com confusão ou politicismo?
É por isto que o Buda nos ensinou a sermos
modestos em nosso consumo e que isso é algo bom, nobre e excpecional. Quando
praticamos desta maneira, estamos de acordo com a frase, mattaññutā ca bhattasmiṁ.
Estaremos praticando corretamente, praticando propriamente, para o benefício
nosso e de outrem.
Pantañca sayanāsanaṁ: não seja espalhafatoso.
Onde quer que viva, tente ser quieto e pacífico. Não se enrosque ou “jogue o
jogo” com outros membros do grupo. Não se envolva em disputas a não ser que
seja totalmente inevitável. Quando você estuda e compreende suas tarefas,
procure por lugares quietos e solitários para viver e meditar. Quando você vive
com os outros, procure por grupos quietos para conviver. Se vives sozinho, em
seclusão física, seja uma pessoa quieta. Mesmo se vives num grupo, seja um
secluso. Tome somente as coisa boas e pacíficas que o grupo tem a oferecer. Se
vives sozinho, não se envolva em muita atividade. Seja quieto em sua ações, na
sua fala, na sua mente. Quando vives em grupo – sejam duas ou três pessoas –
não se envolva em brigas, pois quando existem brigas, não existe paz. Suas
ações não são pacíficas, pois tem de se levantar e fazer uma tempestade num
copo d’água. Suas palavras não são pacíficas. Sua mente – com seus pensamentos
de raiva, revanche e malevolência – não é pacífica. Isto faz surgir todo tipo
de karma ruim. Quando vives numa comunidade – sejam quatro ou noventa e nove
pessoas – tem de ter certeza de que a comunidade está em paz, para que não haja
conflito, não haja disputas, ninguém machucando ninguém ou fazendo mal a
ninguém. A comunidade deve ser uma cooperativa para treinar pacificamente sua
virtude e o Dhamma. É aí que reside uma boa comunidade, ordenada e civilizada,
trazendo progresso para todos os seus membros. Isto é uma das nossas tarefas
como sendo seguidores do Buda, de acordo com os mandamentos do Buda. Isto se
chama Pantañca sayanāsanaṁ: criar um lugar quieto para viver, para seu
benefício tanto em corpo quanto em mente.
Adhicitte ca āyogo: não seja complacente. Seja
diligente na prática da concentração até o nível da adhicitta, ou mente elevada.
Pratique concentração regularmente, sente em concentração frequentemente como
um exemplo para o resto da comunidade. Quando falar, procure conselhos em como
desenvolver seu tema de meditação. Discuta as recompensas da concentração.
Pratique livrar teu coração dos impedimentos. Quando fazes isso, está agindo de
acordo com o princípio da mente elevada.
Outro nível da mente elevada é quando a mente
está livre de seus impedimentos e está absorta em concentração, sem oscilar. É
sólida e poderosa, sem nada contaminado-a. Isto se chama adhicitte ca āyogo, comprometimento com a mente
elevada. Então, não seja complacente. Continue trabalhando nisto sempre.
Adhicitte ca āyogo: quando fazes isso, está agindo de
acordo com o mandamento do Buda. Estas são as palavras do buda, diretamente de
sua boca.
Então devemos todos nos focarmos em fazer
surgir esses três princípios dentro de nós. Se estabelece a si mesmo nesses
ensinamentos, com completa honestidade e integridade, então mesmo se não
conseguires libertar sua mente completamente do sofrimento, no mínimo estará
indo na direção certa. Seus hábitos ruins desaparecerão dia após dia, e os bons
que nunca teve antes irão surgir em seu lugar. Já os bons hábitos que já
possui, irão prosperar e florescer.
Agora que já ouviu isso, coloque em prática. Treine a si mesmo para agir
de acordo com a exortação do Buda. Quando fizerdes isso, encontrará felicidade
e prosperidade enquanto floresce de acordo com seu mandamento.
Comentários
Postar um comentário