Estudo aprofundado sobre o Kamma Parte 5 - O Kamma que dá fim ao Kamma
Na última parte do Capítulo 1, foram mencionados quatro tipos diferentes de kamma, classificados de acordo com a sua relação com os seus respectivos resultados:
1. Kamma escuro com um resultado sombrio.
2. Kamma claro com um resultado Luminoso.
3. Kamma escuro e claro com um resultado sombrio e luminoso.
4. Kamma nem escuro, nem claro com um resultado nem sombrio, nem luminoso, que conduz à cessação de kamma.[MN.I.389] (MN 57)
Todas as variedades de resultados de kamma descritas até o momento estiveram restritas às três primeiras categorias, kamma claro, kamma escuro, e ambos, claro e escuro ou kamma bom e kamma ruim. O quarto tipo de kamma falta ser explicado. Como este quarto tipo de kamma apresenta um resultado totalmente distinto dos outros três, foi dado a ele um capítulo próprio em separado.
Para a maioria das pessoas, incluindo Budistas, todo interesse em kamma tende a estar centrado em torno dos primeiros três tipos de kamma, deixando totalmente de lado o quarto tipo, muito embora este último tipo de kamma seja um dos ensinamentos essenciais do Budismo e o que conduz ao seu objetivo último.
Kamma escuro, claro e escuro-claro são em geral descritos como os vários tipos de ações que fazem parte das dez bases para ações inábeis, tal como matar seres vivos, violar as propriedades dos outros, conduta sexual imprópria e linguagem nociva ou maliciosa, com os seus respectivos opostos que constituem as ações hábeis. Esses tipos de kamma são os determinantes para vários tipos de experiências de vida, boas e ruins, como foi explicado antes. Os eventos da vida por seu lado ativam mais kamma bom e ruim, dessa forma fazendo girar a roda do samsara de forma indefinida.
O quarto tipo de kamma produz resultados de forma exatamente oposta. Ao invés de causar a acumulação de mais kamma, ele conduz à cessação de kamma. Na verdade isto se refere à prática que conduz ao objetivo máximo do Budismo, a Libertação, tal como o Nobre Caminho Óctuplo, também conhecido como o Treinamento Tríplice (Virtude, Concentração e Sabedoria) ou os Sete Fatores da Iluminação. Algumas vezes este quarto tipo de kamma é referido como a intenção, baseada na não-cobiça, não-raiva e não-delusão, de abandonar os outros três tipos de kamma.
Nenhuma discussão sobre kamma deveria deixar de mencionar a felicidade e o sofrimento. Kamma é a causa que resulta em felicidade e sofrimento, e enquanto existir kamma haverá a oscilação entre esses dois estados. No entanto, ao aspirar ao bem máximo que está isento de qualquer mácula, qualquer condição marcada pela felicidade ou sofrimento, estando sujeita à oscilação, será inadequada. Todo kamma mundano ainda está maculado com o sofrimento e é uma causa do sofrimento.
No entanto, isto apenas é válido para os três primeiros tipos de kamma. O quarto tipo de kamma está isento, porque conduz à cessação de kamma e dessa forma à completa cessação do sofrimento. Embora o bom kamma resulte em felicidade, essa felicidade é maculada pelo sofrimento e pode ser a causa de sofrimento no futuro. Mas este quarto tipo de kamma, além de ser em si mesmo livre de sofrimento, também dá origem à libertação do sofrimento, completa e imaculada. Sendo, portanto, o tipo de felicidade mais pura.
A cessação ou extinção de kamma era ensinada num grande número de diferentes religiões na época do Buda, de forma especial na Seita dos Niganthas (Jainistas). Os Niganthas ensinavam o princípio do kamma passado, a cessação de kamma e a mortificação do corpo de forma a “desgastar” o kamma passado. Se esses três princípios não forem claramente diferenciados dos ensinamentos do Buda, poderão ser confundidos com eles com facilidade. E de modo inverso, distinguindo-os com nitidez dos princípios do Budismo poderá ajudar a tornar ainda mais clara a mensagem do Buda. Os Niganthas ensinavam:
Bhikkhus, existem alguns contemplativos e brâmanes que possuem a seguinte doutrina e entendimento: ‘Qualquer coisa que uma pessoa sinta, quer seja prazer ou dor, ou nem prazer, nem dor, tudo é causado pelo que foi feito no passado. Então aniquilando através do ascetismo as ações passadas e não cometendo novas ações, não haverá conseqüência no futuro. Sem conseqüência no futuro, ocorre a destruição da ação. Com a destruição da ação, ocorre a destruição do sofrimento. Com a destruição do sofrimento, ocorre a destruição da sensação. Com a destruição da sensação, todo o sofrimento será extinto.’ [MN.II.214] (MN 101)
Os Niganthas acreditavam que tudo é causado pelo kamma passado. Para se livrar do sofrimento seria necessário abandonar o kamma passado e, por meio da prática de austeridades, não acumular kamma novo. Mas o Budismo afirma que o kamma passado é apenas um dos fatores em todo o processo de causa e efeito. Este é um ponto importante.
Kamma pode conduzir à transcendência do sofrimento, mas tem que ser o tipo certo de kamma, o kamma que evita o surgimento de mais kamma e assim conduz à sua cessação. Então, de modo a anular kamma, ao invés de simplesmente ficar quieto e não fazer nada, o praticante Budista tem que se empenhar numa prática fundamentada no entendimento correto. A prática correta conduz à independência, clareza e liberdade das diretrizes do desejo que, em conjunto com a ignorância, enreda os seres na busca por realizações.
Para esclarecer esse quarto tipo de kamma, as suas características gerais podem ser resumidas da seguinte forma:
(a) É o caminho da prática que conduz à cessação de kamma. Ao mesmo tempo, é em si mesmo um tipo de kamma,
(b) É conhecido como o “kamma nem escuro, nem claro com um resultado nem sombrio, nem luminoso, que conduz à cessação de kamma.”
(c) As suas causas-raiz são a não-cobiça, não-raiva e não-delusão.
(d) Está baseado na sabedoria e compreensão das vantagens e das imperfeições das coisas, como elas na verdade são. É o tipo de ação impecável, ação que é verdadeiramente benéfica, baseada em fundamentos íntegros e que conduzem a uma vida saudável.
(e) Como este tipo de ação não é guiada pelo desejo, quer seja na forma de aproveitamento egoísta ou na inação baseada no temor de perda pessoal, é o verdadeiro tipo de esforço altruísta, guiado e suportado pela atenção plena e sabedoria.
(f) É kusala kamma, ação hábil, no nível conhecido como Ação Hábil Transcendente.
(g) Em relação à prática, pode ser chamado de Caminho Óctuplo para a cessação do sofrimento, a Quarta das Quatro Nobres Verdades, os Sete Fatores da Iluminação, ou o Treinamento Tríplice, dependendo do contexto; faz também referência a um sentido mais geral, como a intenção de abandonar os primeiros três tipos de kamma.
Com relação ao ponto (e) acima, vale a pena destacar que tanha, ou desejo, é visto pela maioria das pessoas como a força que motiva a ação. No que diz respeito à maioria das pessoas, quanto mais desejo existir, mais intensa e competitiva será a ação resultante; elas entendem que sem desejo não há incentivo para agir, e o resultado só poderia ser a inércia e a preguiça. Esse tipo de entendimento surge da observação incompleta da natureza humana. Se for empregado como diretriz para a prática, poderá causar problemas tanto no nível individual como no social.
Na verdade, o desejo é um ímpeto para ambos, ação e inação. Na busca de objetos para se alimentar, o desejo é um ímpeto para a ação. Esse tipo de ação tende a gerar exploração e disputas. No entanto, nas ocasiões em que ações boas e altruístas são necessárias, o desejo passará a ser um incentivo para a inação, atando o eu ao conforto pessoal, mesmo que seja apenas como apego ao sono. Dessa forma, o desejo se torna um obstáculo ou estorvo na realização de boas ações. Se a ignorância ainda for predominante, isto é, se não existir compreensão do valor das boas ações, o desejo irá encorajar a inércia e a negligência. Por essa razão, o desejo pode ser um incentivo ou para um tipo de atividade exploradora, ou para um tipo de inatividade letárgica, dependendo do contexto.
A prática que suporta um estilo de vida saudável e que é verdadeiramente benéfica é completamente distinta dessa gratificação dos desejos egoístas e em muitos casos demanda a renúncia dos confortos e prazeres pessoais. Esse tipo de prática não pode ser concretizada por meio do desejo (exceto se primeiro qualificarmos nossos termos), mas deve ser realizada através do entendimento e apreço pelas vantagens dessa prática tal como ela na verdade é.
Esse apreço ou aspiração é chamado de chanda em Pali (conhecido de forma completa como kusalachanda ou dhammachanda). Chanda é o incentivo real para quaisquer ações verdadeiramente construtivas. No entanto, este pode ser impedido pelo desejo e o seu apego à preguiça, letargia ou conforto pessoal. Nesse caso, o desejo irá macular com o sofrimento todas as tentativas de realizar boas ações, ao resistir à prática através daqueles estados negativos. Se houver clara compreensão da vantagem dessas ações e suficiente apreço (chanda) por elas, possibilitando que o efeito opressor do desejo seja superado, chanda se torna, além de um ímpeto para a ação, uma causa para a felicidade.
Esse tipo de felicidade difere da felicidade que resulta do desejo – ela é leve e despreocupada, ao invés de constritiva e pesada, e conduz a ações criativas isentas de sofrimento. Neste caso, samadhi, a mente firmemente estabelecida, composta de esforço, atenção plena e compreensão, irá se desenvolver e diretamente suportar tais iniciativas. Esse tipo de prática é conhecida como “o kamma que dá fim ao kamma.”
"’O kamma deve ser conhecido. A causa porque o kamma se manifesta deve ser conhecida. A diversidade do kamma deve ser conhecida. O resultado do kamma deve ser conhecido. A cessação do kamma deve ser conhecida. O caminho da prática para a cessação do kamma deve ser conhecido. ' Assim foi dito. Em referência a que foi dito isso?
Intenção, eu lhes digo, é kamma. Pela intenção, a pessoa faz kamma através do corpo, linguagem, e mente.
E qual é a causa porque o kamma se manifesta? Contato é a causa pela qual kamma se manifesta.
E qual é a diversidade de kamma? Existe o kamma para ser experimentado no inferno, kamma para ser experimentado no mundo dos animais, kamma para ser experimentado no mundo dos fantasmas, kamma para ser experimentado no mundo humano, kamma para ser experimentado no mundo dos devas. A isto se denomina a diversidade de kamma.
E qual é o resultado do kamma? O resultado do kamma é de três tipos, eu lhes digo: aquele que surge no aqui e agora, aquele que surge mais tarde [nesta vida ] e aquele que surge depois desta vida. A isto se denomina o resultado do kamma.
E qual é a cessação do kamma? Com a cessação do contato, kamma cessa; e justamente este nobre caminho óctuplo - entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta - é o caminho da prática para a cessação do kamma." [AN.III.415] (AN VI 63)
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"Agora quando um nobre discípulo compreende desse modo kamma, a causa porque kamma se manifesta, a diversidade de kamma, o resultado de kamma, a cessação de kamma, e o caminho da prática que conduz à cessação de kamma, então ele compreende esta penetrante vida santa como sendo a cessação dkamma."[AN.III.415] (AN VI 63)
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“Bhikkhus, eu lhes explicarei o kamma passado, o kamma novo, a cessação de kamma e o caminho para a cessação de kamma ... O que é kamma passado? Olho ... ouvido ... nariz ...língua ... corpo ... mente devem ser compreendidos como kamma passado, formados por condições, nascidos das volições, a base para as sensações. Isto é denominado ‘kamma passado.’
“Bhikkhus, o que é ‘kamma novo’? Ações criadas através do corpo, linguagem e mente no momento presente, essas são chamadas ‘kamma novo.’
“Bhikkhus, o que é a cessação de kamma? A experiência da libertação, que surge da cessação de kamma corporal, kamma verbal e kamma mental, é chamada de cessação de kamma.
“Bhikkhus, qual é o caminho para a cessação de kamma? É este Nobre Caminho Óctuplo, isto é, Entendimento Correto....Concentração Correta. Isso é chamado o caminho que conduz à cessação de kamma.” [SN.III.132](SN XXXV.146)
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“Bhikkhus, este corpo não lhes pertence, nem pertence a um outro. Vocês devem vê-lo como kamma passado, formado por condições, nascido das volições, a base para as sensações.” [SN.II.64] (SN XII.37)
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"Bhikkhus, há três causas para a origem de kamma. Quais três? A cobiça é uma causa para a origem de kamma; a raiva é uma causa para a origem de kamma; a delusão é uma causa para a origem de kamma. Qualquer kamma, bhikkhus, criado através da cobiça, nascido da cobiça, causado pela cobiça, originado da cobiça, amadurece onde quer que renasça o ser/existir. Onde quer que o kamma amadureça, é ali que o resultado será experimentado, quer seja nesta vida, ou no próximo renascimento, ou em alguma ocasião subsequente. Qualquer kamma realizado por conta da raiva...por conta da delusão...(igual à cobiça)
"Bhikkhus, há essas outras três causas para a origem de kamma. Quais três? A não-cobiça é uma causa para a origem de kamma; a não-raiva é uma causa para a origem de kamma; a não-delusão é uma causa para a origem de kamma. Qualquer kamma, bhikkhus, criado através da não-cobiça, nascido da não-cobiça, causado pela não-cobiça, originado da não-cobiça, é abandonado quando a cobiça desaparece; é cortado pela raiz, feito como com um tronco de palmeira, eliminado de tal forma que não mais estará sujeito a um futuro surgimento. Qualquer kamma realizado por conta da não-raiva...por conta da não delusão...” [AN.I.134] (AN III.34)
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“Bhikkhus, há essas três causas para a origem de kamma. Quais três? A cobiça é uma causa para a origem de kamma, a raiva é uma causa para a origem de kamma, e a delusão é uma causa para a origem de kamma.
(1) "Qualquer kamma criado através da cobiça, nascido da cobiça, causado pela cobiça, originado da cobiça, esse kamma é prejudicial e repreensível e resulta no sofrimento. Esse kamma conduz ao surgimento de kamma, não à cessação de kamma.
(2) "Qualquer kamma criado através da raiva ... (3) Qualquer kamma criado criado através da delusão, nascido da delusão, causado pela delusão, originado da delusão, esse kamma é prejudicial e repreensível e resulta no sofrimento. Esse kamma conduz ao surgimento de kamma, não à cessação de kamma.
“Bhikkhus, há essas outras três causas para a origem de kamma. Quais três? A não-cobiça é uma causa para a origem de kamma, a não-raiva é uma causa para a origem de kamma, e a não-delusão é uma causa para a origem de kamma.
(1) "Qualquer kamma criado criado através da não-cobiça, nascido da não-cobiça, causado pela não-cobiça, originado da não-cobiça, esse kamma é benéfico e irrepreensível e resulta na felicidade. Esse kamma conduz à cessação de kamma, não ao surgimento de kamma.
(2) "Qualquer kamma criado através da não-raiva ... (3) Qualquer kamma criado através da não-delusão, nascido da não-delusão, causado pela não-delusão, originado da não-delusão, esse kamma é benéfico e irrepreensível e resulta na felicidade. Esse kamma conduz à cessação de kamma, não ao surgimento de kamma. [AN.I.263] (AN III.111)
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“Bhikkhus, matar seres vivos, eu digo, é de três tipos: causado pela cobiça, causado pela raiva, causado pela delusão. Tomar aquilo que não foi dado, eu digo, também é de três tipos: causado pela cobiça, causado pela raiva, causado pela delusão. A conduta sexual imprópria, eu digo, é de três tipos: causado pela cobiça, causado pela raiva, causado pela delusão. A linguagem mentirosa, eu digo, é de três tipos: causado pela cobiça, causado pela raiva, causado pela delusão. A linguagem maliciosa, eu digo, é de três tipos: causado pela cobiça, causado pela raiva, causado pela delusão. A linguagem grosseira, eu digo, é de três tipos: causado pela cobiça, causado pela raiva, causado pela delusão. A linguagem frívola eu digo, é de três tipos: causado pela cobiça, causado pela raiva, causado pela delusão. A cobiça, eu digo, é de três tipos: causado pela cobiça, causado pela raiva, causado pela delusão. A má vontade, eu digo, é de três tipos: causado pela cobiça, causado pela raiva, causado pela delusão. O entendimento incorreto, eu digo, é de três tipos: causado pela cobiça, causado pela raiva, causado pela delusão.
“Portanto, bhikkhus, a cobiça é a fonte e origem de kamma; a raiva é a fonte e origem de kamma; a delusão é a fonte e origem de kamma. Com a destruição da cobiça, a fonte de kamma é extinta. Com a destruição da raiva, a fonte de kamma é extinta. Com a destruição da delusão, a fonte de kamma é extinta.” [AN.V.261] (AN X.174)
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“Bhikkhus, esses quatro tipos de kamma foram diretamente compreendidos, verificados e anunciados por mim. Quais quatro? Há o kamma que é escuro com um resultado sombrio. Há o kamma que é claro com um resultado luminoso. Há o kamma que é escuro e claro com um resultado sombrio e luminoso. Há o kamma que é nem escuro nem claro com um resultado nem sombrio nem luminoso, que conduz ao fim de kamma.
“E qual é o kamma que é escuro com um resultado sombrio? É o caso em que uma certa pessoa fabrica uma formação corporal prejudicial, fabrica uma formação verbal prejudicial, fabrica uma formação mental prejudicial. Tendo fabricado uma formação corporal prejudicial, tendo fabricado uma formação verbal prejudicial, tendo fabricado uma formação mental prejudicial, ela renasce num mundo com aflição. Ao renascer num mundo com aflição, ela é tocada por contatos aflitivos. Tocada por contatos aflitivos, ela experimenta sensações que são exclusivamente dolorosas, como aquelas experimentadas pelos seres no inferno. Isso é chamado kamma que é escuro com um resultado sombrio.
“E qual é o kamma que é claro com um resultado luminoso? É o caso em que uma certa pessoa fabrica uma formação corporal não prejudicial, fabrica uma formação verbal não prejudicial, fabrica uma formação mental não prejudicial .... ela renasce num mundo sem aflição ... ela é tocada por contatos não aflitivos ...ela experimenta sensações que são exclusivamente prazerosas, como aquelas experimentadas pelos devas luminosos. Isso é chamado kamma que é claro com um resultado luminoso.
“E qual é o kamma que é escuro e claro com um resultado sombrio e luminoso? É o caso em que uma certa pessoa fabrica uma formação corporal prejudicial e fabrica uma formação corporal não prejudicial, fabrica uma formação verbal prejudicial e fabrica uma formação verbal não prejudicial, fabrica uma formação mental prejudicial e fabrica uma formação mental não prejudicial .... ela renasce num mundo com aflição e sem aflição ... ela é tocada por contatos aflitivos e não aflitivos ...ela experimenta sensações que são dolorosas e prazerosas, como aquelas experimentadas pelos seres humanos, alguns devas e alguns seres nos mundos inferiores. Isso é chamado kamma que é escuro e claro com um resultado sombrio e luminoso.
E qual é o kamma que é nem escuro nem claro com um resultado nem sombrio nem luminoso, que conduz ao fim de kamma? Entendimento correto, pensamento correto, linguagem correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta, concentração correta. Isso é chamado kamma que é nem escuro nem claro com um resultado nem sombrio nem luminoso, que conduz ao fim de kamma.” [AN.II.233] (AN IV.235)
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“Udayi, um bhikkhu desenvolve o fator da iluminação da atenção plena, que tem como base o afastamento, desapego e cessação, que amadurece no abandono; que é vasto, glorificado, imensurável, sem má vontade. Ao desenvolver o fator da iluminação da atenção plena, que tem como base o afastamento ... sem má vontade, o desejo é abandonado. Com o abandono do desejo, kamma é abandonado. Com o abandono de kamma, o sofrimento é abandonado ... Ele desenvolve o fator da iluminação da equanimidade, que tem como base o afastamento, desapego e cessação, que amadurece no abandono; que é vasto, glorificado, imensurável, sem má vontade. Ao desenvolver o fator da iluminação da atenção plena, que tem como base o afastamento ... sem má vontade, o desejo é abandonado. Com o abandono do desejo, kamma é abandonado. Com o abandono do kamma, o sofrimento é abandonado.
“Portanto, Udayi, com a destruição do desejo ocorre a destruição do kamma, com a destruição do kamma ocorre a destruição do sofrimento.” [SN.V.86] (SN XLVI.26)
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