Introdução básica ao Budismo
O budismo surgiu há cerca de 2600 anos em uma região na fronteira entre a Índia e o Nepal, e foi fundado por um príncipe do clã guerreiro dos Shakyas chamado Siddhartha Gautama.
Siddhartha sempre teve uma personalidade questionadora e uma mente inquieta, não se contentava com a visão de mundo imposta pelos sábios da época. Já aos nove anos de idade ele teve sua primeira experiência de meditação profunda, quando meditou sozinho por horas e horas. Contudo, o caminho para a vida nobre não viria assim tão facilmente para ele.
Siddhartha meditando aos nove anos |
Seu pai, o rei Suddhodana queria que Sidartha herdasse o trono e se tornasse um grande rei, conquistador de terras e de povos, temendo que o filho seguisse a vida ascética, moveu mundos e fundos para que Siddhartha vivesse isolado, imerso em prazeres e em atividades da corte, além de providenciar seu casamento.
Casou-se aos dezesseis anos com uma bela moça chamada Yashodhara e viveu um casamento feliz por trezes anos, até o dia em que Siddhartha, obcecado por querer buscar a verdade e o fim do sofrimento, abandonou a família e seguiu sozinho para as florestas em busca de isolamento e reflexão.
O casamento de Siddhartha e Yashodhara |
Crendo ser o caminho para o fim do sofrimento o abandono dos prazeres nos quais vivia, empreendeu um severo e rigoroso ascetismo durante seis anos. Esta prática quase o matou e, nas suas últimas forças percebeu que nem os prazeres e nem a mortificação deram para ele a paz que tanto procurava.
Foi então que ele percebeu que deveria haver um caminho que não passava pela imersão em prazeres e nem pelas práticas extremas de mortificação, este é o caminho do meio, o caminho de equilíbrio e moderação, evitando os extremos. Era este o caminho para o fim do sofrimento!
Siddhartha voltou a comer e recuperou aos poucos suas forças.
Um dia, já recuperado, sentou-se sob uma figueira e determinou para sí mesmo que não levantaria dali até obter a iluminação.
As horas iam passando e Siddhartha foi mergulhando em estados mentais cada vez mais profundos e sutís. Foi quando surgiu Mara, a personificação do mau. Mara tentou inutilmente ludibriar Siddhartha para que desistisse da iluminação, mas ele estava determinado e serenamente venceu Mara.
Ao amanhecer, olhando para o planeta Vênus, Siddhartha atingiu a iluminação e tornou-se um Buda.
O sofrimento havia sido eliminado, a vida nobre vivida e nada mais havia a ser feito.
Siddhartha sendo assediado por Mara |
Ao amanhecer, o Nirvana.... |
A partir de então, o Buda seguiu durante quarenta e cinco anos ensinando sobre o sofrimento e sua cessação a todos que quisessem ouví-lo e reuniu centenas de discípulos vindos de todas as castas sociais. Viajou milhares de kilômetros a pé pelas perigosas estradas da época, dormia em qualquer lugar, comia o que lhe era ofertado e nunca aceitou os luxos que lhe eram oferecidos.
Morreu aos oitenta anos em decorrência de diárreia ocasionada por um alimento estragado, seu corpo foi cremado e as cinzas divididas entre vários reis.
Buda morreu em paz, rodeado pelos seus seguidores monges e leigos. Pregou até os últimos minutos da dua vida. |
Principais conceitos Budistas
As três qualidades do universo: sofrimento (dukkha), impermanência (anicca) e não-eu (anatta).
Sofrimento é o principal aspecto do ensinamento Budista. O universo é repleto de dor e insatisfação, mesmo os momentos alegres também geram sofrimento de alguma forma.
Impermanência é a caractéristica a tudo que é condicionado, ou seja, não há nada que dure eternamente ou que esteja sempre do mesmo jeito. Todas as coisas do universo caminham para a mudança, nada é estático, tudo muda ou desaparece a todo instante.
Não-eu significa que não existe uma essência própria e individual para os fenômenos, incluindo os humanos. Tudo é impessoal, tudo é manifestação de uma cadeia infinita de causa e efeito coordenada principalmente pelo Kamma.
As quatro nobres verdades: há o sofrimento; o sofrimento é causado pelo desejo; existe um meio de acabar com o sofrimento; o sofrimento é extinto pela prática do nobre caminho óctuplo.
Nirvana: A suprema realização, o fim do sofrimento, o despertar para a Verdade.
Buda: Não é uma espécie de deus e nem uma pessoa específica, trata-se de um título dado a quem despertou para a Verdade. Na verdade tudo é Buda. O potencial de atingir este estado existe em todos os seres e o universo inteiro é permeado pela natureza búdica, porém a ignorância não permite que vejamos esta realidade.
O Buda histórico Shakyamuni era um homem comum, assim como eu e você, porém, ele removeu da sua mente o véu da ignorância e tornou-se um Buda.
Não houve uma mensagem divina ou algo do tipo, Shakyamuni iluminou-se sozinho após anos de treinamento.
Dhamma (ou Dharma): São os ensinamentos do Buda.
Sangha: A comunidade budista.
O Buda, o Dhamma e a Sangha são os três refúgios e as três jóias.
Renascimento: Não existe reencarnação no Budismo, pois não há nada para reencarnar (conceito de anatta, não-eu). Existe o renascimento, que abrange durante a vida, os seis estados mentais que um humano pode experimentar e também o renascimento do Kamma gerado por aquela pessoa, que ocorre após a morte assim que houverem condições favoráveis para que aquele Kamma frutifique.
Samsara: É o ciclo dos renascimentos da mente. É composto por seis mundos, ou seis estados mentais. A todo instante morremos e renascemos em um deles (inferno, fanstamas famintos, animais, asura, humanos e paraíso).
Um iluminado quebra o ciclo do Samsara e não mais renasce nestes mundos, pois ele jamais abandona o estado humano de existência. Ao longo da vida sua mente não é mais jogada para lá e para cá.
Esta é uma abordagem básica com viés introdutório, obviamente o Budismo é mais completo e complexo, o que foge do escopo deste artigo. Para maiores informações gerais sobre o Budismo, pode ser consultado este artigo da Wikipedia.
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