Por que "chuva do Dharma"?

No Sutra do Lótus da Verdadeira Doutrina, o seu capítulo cinco (Ervas medicinais), retrata um símile proferido pelo Buda para o seu discípulo Kashyapa (Mahākāśyapa) que demonstrava como os ensinamentos do Buda eram assimilados pelas pessoas. Em resumo, o símile diz que o Tathagata (Buda) é como uma grande nuvem que tudo cobre e que faz chover sobre todas as plantas, e que cada uma absorve a água da chuva de maneira diferente, sempre de acordo com sua capacidade. Assim são as pessoas. O Buda prega para todos, porém sempre leva em consideração a capacidade de cada pessoa de absorver os ensinamentos. Quem já está "calejado" no caminho, ouve ensinamentos mais aprofundados e os absorve de acordo com sua capacidade, enquanto aquele "novato" irá ouvir o Dhamma básico e também absorver o conteúdo de acordo com sua capacidade. 

No livro A Essência dos Ensinamentos do Buda, de Thich Nhat Nhan, há o seguinte trecho:

"Ao ouvirmos uma palestra sobre o Dharma ou estudarmos um sutra, a única coisa que temos a fazer é permanecer abertos. Normalmente, quando ouvimos ou lemos algo novo, costumamos comparar o que ouvimos com nossas próprias idéias. Quando o elemento novo é parecido com elas, nós o aceitamos e dizemos que está certo. Quando não é, dizemos que está errado. Em qualquer das duas hipóteses, não aprendemos nada. Se formos capazes de ler ou ouvir com a mente e o coração abertos, a chuva do Dharma encharcará o solo de nossa consciência.

A suave chuva de primavera permeia o solo de minha alma: a semente há muito tempo enterrada na terra apenas sorri.

Quando estiver lendo ou ouvindo, não se esforce em demasia, seja como a terra. Quando a chuva cai, a terra só precisa se abrir e receber a chuva. Permita que a chuva do Dharma penetre em você e encharque as sementes enterradas no fundo de sua consciência. Um mestre não lhe pode dar a verdade. A verdade já está em você, mas é preciso abrir - corpo, mente e coração - para que seus ensinamentos penetrem nas suas sementes de compreensão e iluminação. Se você permitir que as palavras entrem, o solo e as sementes farão sozinhos o resto do trabalho."